Ney Marcondes e a filha Eloisa Marcondes |
A ideia da criação das ocas em seu conceito indigenista para o Parque Natural não poderia ter sido melhor. Nenhum outro parque ou mesmo Unidade de Conservação possui proposta mais adequada à sua origem e história. Dr. Ney utilizou-se da arte da arquitetura para concretizar sua ideia e dar-lhe identidade própria. Assim como a fotografia, a arquitetura é parte do rol das artes visuais e como tal exige do artista/profissional a mesma sensibilidade para iniciar qualquer trabalho.
Os olhos do arquiteto, aliado à inspiração, enxergam além do que está à frente de nossos olhos comuns. Eles vislumbram sua obra dentro de sua mente e com a imaginação dá vida aos espaços que criará. Ser arquiteto é refletir sobre o passado, o presente e o futuro. Questionar o quando, onde, pra quem e, principalmente, o por quê. Ser arquiteto é contemplar inclusive, o vazio...
Ney Marcondes, gentilmente, resumiu para os Olhos de Pindamonhangaba um delicioso texto com todas as ideias e sonhos que sonhou construir para esta importante Unidade de Conservação no Vale do Paraíba:
Ney Marcondes, gentilmente, resumiu para os Olhos de Pindamonhangaba um delicioso texto com todas as ideias e sonhos que sonhou construir para esta importante Unidade de Conservação no Vale do Paraíba:
"ALDEIA ( Filosofia Indígena)
A Aldeia indígena é um relicário de sabedoria.
Escurece, ave pousa, passarinho pia, bicho entóca, vento canta. No centro da mata, em silencio a aldeia escuta.
A Taba, a casa grande é arredondada como o mundo.
Ali nem o espaço, nem o coração tem divisão.
É lugar para ouvir cantos, contos de sabedoria e histórias nascidas no tempo, á luz dos dias e escuridão das noites.
O melhor da TABA é o ar puro da mata, onde tudo tem cheiro de flor, atmosfera onde a vida da aldeia desabrocha e floresce.
Nessa tranquilidade, para os índios, é o conhecimento que garante a continuidade da vida transmitida pelos sábios conselhos do senhor da floresta, o morubixaba, velho pajé que enxerga longe e profundo, além do tempo e espaço.
Na abóbada da Taba, basta um minúsculo orifício e um tênue fio de luz penetra, unindo o infinito às dimensões, limite do ser humano, dirigido primeiro ao espiritual, onde traça a teia frágil da existência e memoria eterna.
As penas do gavião, lembram o voo do espírito.
O calor do fogo, a força do amor.
A pureza das águas, a bondade do criador.
A luz do sol, a presença de Tupã, o Deus criador e PAI.
Abracei a proposta de fazer parte do projeto Trabiju, porque sou um sonhador! E com meus sonhos vou abrindo caminhos para futuras gerações. Como arquiteto, o contato com novas possibilidades de caminhos arquitetônicos com o elemento puro brasileiro. Como filho da terra estou devolvendo parte de tudo que ela, TERRA, me ensinou."
3a. Saída Fotográfica de Olhos de Pindamonhangaba |
Eloisa Marcondes, filha de Dr. Ney Marcondes é umas maiores defensoras dos recursos naturais no núcleo Piracuama, tem a fotografia como hobby e como o pai tem o olhar apurado. "Aprendi com meu pai, que o olhar educa! Que o foco em um plano diminuto fazem enxergar vários mundos em um só. Detalhes que por sua vez vão tomando importância quando disciplinados! Observar, fazer contato, e clicar uma imagem, congelam momentos de delicadeza, denuncia e memória! Chamo isso de aprendizado! Mais ações como essa devem ser mantidas beneficiando a cultura, educação, lazer e turismo."
Depois da criação das ocas, o espaço quase não recebeu investimentos. Possuía uma gestão precária com poucos recursos e sem equipe capacitada o suficiente. Nos últimos dois anos recebeu recursos beneficiados da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e também recursos da Câmara de Compensação Ambiental do Governo do Estado de São Paulo. Com isto, possibilitou-se a implementação do Plano de Manejo no Parque, imprescindível para ordenar o uso da Unidade de Conservação, tanto para proteção, a pesquisa, educação ambiental, assim como para a visitação pública.
Hoje, tanto a Taba central como as demais ocas que compõem a proposta do arquiteto Ney Marcondes, estão revitalizadas graças ao investimento da iniciativa privada. Quatro delas dedicadas a aspectos culturais, científicos e sociais da relação humana com os elementos Terra, Fogo, Água e Ar; uma sobre os ciclos da natureza; e uma Oca Central (a Taba), com informações sobre o Parque Natural Municipal do Trabiju e seu entorno.
Vale uma visita para interagir com a natureza e seus 5 elementos.
Mais sobre o Parque Natural do Trabiju:
Vale uma visita para interagir com a natureza e seus 5 elementos.
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Uma conquista pontual, mas certamente o paradigma para ser seguido. Para chegar " lá" é preciso dar o primeiro passo e este foi dado pelo nosso amado Mestre Dr Ney Marcondes!
ResponderExcluirEstamos felizes por também fazer parte desta "caminhada" Cylene! Obrigada por comentar. Abraços!
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